The Industry: limites da ópera em LSD

The Industry: limites da ópera em LSD

A companhia artística americana The Industry, com sede na Califórnia, tem como proposta não apenas difundir a ópera contemporânea, mas alargar as propostas estéticas gênero, seja com novos formatos de montagens ou abordagens temáticas.

Um dos projetos do grupo apresentar óperas já finalizadas, mas em fase de pré-montagem. Os workshops são chamados First Take. Neste mês de fevereiro, ocorre mais uma edição com seis novos títulos.

Entre eles, destaca-se LSD: The opera, com música da compositora Anne LeBaron, libreto de Gerd Stern, Ed Rosenfeld e a própria autora.

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Anne LeBaron, compositora

Segundo LeBaron, a ópera apesenta um "questionamento multidisciplinar" sobre a droga descoberta em 1943, reunindo aspectos históricos, artísticos e políticos.

Veja uma entrevista de 4 minutos, em inglês, com a compositora. Ela detalha os desafios da composição e o uso dos instrumentos microtonais inventados por Harry Partch para representar musicalmente a experiência do uso do LSD.

O objetivo de Anne LeBaron é estrear a ópera oficialmente na temporada 2017-1028, marcar os 75 anos de descoberta do LSD.

Na Holanda, concertos para ver deitado

Na Holanda, concertos para ver deitado

A ideia inusitada –  uma série de concertos em que parte do público se deita no chão, em colchonetes e tapetes –  nasceu na Holanda, país natal dos pianistas Sandra e Jeroen van Veen.

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Sandra e Jeroen van Veen

A proposta ganhou o nome de Lig Concert, algo como Concerto Deitado.

A logomarca é sugestiva do comportamento que os pianistas esperam dos espectadores.

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A série já ultrapassou 150 apresentações, em palcos tradicionais como teatros e salas de concerto e também em espaços diferenciados, como igrejas e auditórios.

Há sempre um local reservado para o público deitar, seja apenas em um setor ou na totalidade do espaço.

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Os pianistas costumam apresentar na série a obra minimalista "Canto ostinato", do compositor holandês Simeon ten Holt.

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Simeon ten Holt

 

Veja o clip de 2 minutos de divulgação do projeto:

 

E veja aqui uma execução completa do "Canto ostinato" em um Lig Concert do duo de pianos Sandra e Joren van Veen, com 75 minutos de duração.

 

A música clássica e suas plateias na era digital

A música clássica e suas plateias na era digital

O título do post é exatamente o nome do colóquio internacional que ocorre esta semana na França: "La musique classique et ses publics à l'ère numerique".

Entre os dias 4 e 6 de fevereiro, dezenas de profissionais das áreas de História, Sociologia, Antropologia, Musicologia, Economia, Comunicação e Ciência da Informação reúnem-se em Paris para a conferência.

Eles trazem resultados de estudos recentes em sete países: França, Estados Undios, Alemanha, Áustria, Reino Unido, Portugal e Holanda.

Quem está à frente da organização é o sociólogo Stéphane Dorin, professor da Universidade de Limoges.

Ele próprio coordena uma extensa pesquisa sobre hábitos de frequentadores de concerto na França, voltada a compreender as mudanças de gosto musical e aferir o impacto das mídias digitais na formação de público.

O objetivo do encontro, que foi organizado como atividade complementar do estudo de Dorin, é discutir as relações da música clássica com a internet.

Clique aqui para acessar a programação completa do colóquio de Paris (texto em inglês).

O primeiro dia será dedicado ao papel do crowdfunding e das redes sociais, e também ao processo de transformação de concertos em formatos audiovisuais.  O patrimônio histórico musical e as transmissões de espetáculos serão discutidos sob a perspectiva digital.

Haverá apresentação do grupo vocal francês Ensemble101 – ouça aqui a música "norman (age29)", de Mike Solomon, integrante do conjunto.

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Ensemble101

O segundo dia de colóquio é dedicado a discutir patrocínios públicos, o ambiente profissional da música clássica e o lugar do gênero na economia criativa. Haverá uma mesa sobre juventude & concertos e serão apresentados os resultados da pesquisa coordenada por Dorin.

No último dia, destaques para apresentação de estudo sobre as elites urbanas e a institucionalização da música clássica nas Américas; um painel que discute resultados de diversas pesquisas europeias sobre público de concertos; e o debate sobre a ampliação de fronteiras para chegar a novas plateias para os clássicos.

Única nota dissonante entre discussões tão contemporâneas é a imagem que ilustra o material gráfico do colóquio –  o desenho de uma sala de concertos antiga – , sem qualquer relação com o contexto  digital da conferência.  Mais analógico impossível.

 

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Festival traz ao Rio inovadores dos clássicos

Festival traz ao Rio inovadores dos clássicos

O Festival Rc4 tem entregado exatamente o que promete: reunir no Rio de Janeiro artistas internacionais que estão construindo novas direções para a música clássica.

Semana passada, apresentaram-se no Oi Futuro Ipanema o pianista luxemburguês Francesco Tristano (dia 16), o compositor inglês Gabriel Prokofiev e o saxofonista catalão Joan Martí-Frasquier (dia 17). No final do artigo, vídeos Vine de Tristano e Prokofiev no palco carioca.

Esta semana, será a vez do violinista suíço Etienne Abelin (dia 23) e o trio alemão Brandt Brauer Frick (dia 24).

Etienne Abelin apresentará o software Music Animation Machine, definido como "um GPS musical",  desenvolvido pelo americano Stephen Malinowski, colaborador de Björk.

Etienne convidou a pianista brasileira Kátia Balloussier para tocarem e demonstrarem juntos o software.

Veja a apresentação que o suíço fez em recente TEDx, mostrando o Music Animation Machine.

Etienne Abelin tem atividade inovadora não só no palco, mas também como empreendedor cultural.

É fundador da classYcal, start-up dedicada a promover inovações na música clássica e organizar eventos diferenciados. A noite Ynights, em casas noturnas, ganhou o prêmio "Melhor de 2013" da revista Züritipp. É fundador do Festival Apples and Olives, voltado para a música indie classical.

Além de atuar como músico solista e em grupos de câmara, Etienne já tocou em orquestra sob regência de Claudio Abbado. Ele é professor do El Sistema europeu, co-fundador da  Orquestra Jovem do Sistema Europeu e um dos fundadores do Superar Suisse.

O trio alemão Brandt Brauer Frick, que encerra a programação do Festival Rc4,  se auto-intitula "um projeto tecno de Berlim que toma por base instrumentos de música clássica".

Este video de 2010 mostra bem de onde partiu o som do grupo, aqui com mais músicos além do trio fundador.

Daniel Brandt, Jan Brauer e Paul Frick vão mostrar no Festival Rc4 instrumentos acústicos e sons eletrônicos.

Veja o Vine captado durante a apresentação de Francesco Tristano (ligue o som clicando no rodapé direito do vídeo):

E veja também o Vine captado durante a apresentação de Gabriel Prokofiev em duo com o violoncelista brasileiro Hugo Pilger (ligue o som clicando no rodapé direito do vídeo):

Ouça aqui o nosso boletim na Rádio CBN que destacou a segunda semana do Festival Rc4 e tocou Brandt Brauer Frick.

Em NY, concertos de câmara para gourmets

Em NY, concertos de câmara para gourmets

Tertulia é uma série de música de câmara feita sob medida para quem tem duas paixões na vida e quer desfrutá-las simultaneamente: gastronomia e música clássica.

Os jantares-concerto são organizados em Nova York desde 2011 e, atualmente, têm regularidade aproximadamente  quinzenal.

Cada encontro é organizado de forma a haver momentos de interação entre espectadores - quando drinks de boas-vindas e os pratos do cardápio fixo são servidos, por exemplo - e aqueles de silêncio e atenção total, quando os músicos tocam.

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A idealizadora do projeto é uma jovem musicista e foodie americana chamada Julia Villagra, de 29 anos. Desde o ano passado, ela divide a co-curadoria dos encontros com o oboísta James Austin Smith.

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Os curadores Julia Villagra e James Austin Smith

O projeto tem página no Facebook e perfil no Twitter.

Ouça aqui nosso boletim na Rádio CBN sobre a série Tertulia em Nova York.

Veja a íntegra da execução do "Quarteto de cordas N.11", de Dvorak, pelo Dover Quartet, apresentada no boletim.

 

Uma orquestra para o século 21

Uma orquestra para o século 21

Não é sempre que uma orquestra dá início a seus trabalhos com clip na internet.

Mas foi assim que a  Johann Sebastian Rio, grupo de câmara recém-lançado no Brasil, escolheu se apresentar ao público.

Começar no ambiente on-line diz muito sobre uma proposta artística.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Ida0A2iKwF0

A orquestra foi fundada em novembro de 2014 pelo violinista e regente Felipe Prazeres (diretor artístico do grupo), a produtora cultural e empresária artística Vanessa Rocha, os violistas Eduardo Pereira e Ivan Zandonade.

Reúne dezesseis músicos experientes e reconhecidos no circuito sinfônico carioca, integrantes da Sinfônica Brasileira, Petrobras Sinfônica e Orquestra do Theatro Municipal.

O nome é um trocadilho a partir do compositor Johann Sebastian Bach, o significado da palavra "Bach" em alemão (quer dizer "riacho", "córrego") e o fato da iniciativa ser do Rio de Janeiro.

A ideial inicial dos fundadores era compor um conjunto que interpretasse apenas música barroca, mas a proposta se expandiu e poderá abarcar repertórios de todas as épocas.

A primeira ação pública foi o divulgar o clip acima para marcar o lançamento da página no Facebook e do canal no Youtube.

O objetivo é fazer um concerto de lançamento no Rio de Janeiro, em março.

Vanessa Rocha, fundadora e diretora executiva da Johann Sebastian Rio, conversou com o blog iClássica.

iCLÁSSICA - Cite as principais motivações que levaram à criação da orquestra.
VANESSA ROCHA - Em primeiro lugar, a urgência na renovação de público para a música clássica.  De modo geral, as audiências estão envelhecendo e diminuindo. Depois, a necessidade de renovação dos formatos de apresentação dos clássicos.  Os jovens identificam música clássica com ambientes de extrema  sisudez. É muito raro o repertório histórico ser tocado além de salas de concerto. No exterior existem algumas orquestras e projetos que têm a preocupação de experimentar novos formatos e novos propósitos. O Brasil precisa dessa renovação também.

Qual principal desafio para concretizar a proposta?
Encontrar os espaços certos. Não somos um grupo para lugares tradicionais e estamos identificando as melhores formas de sonorizar e acomodar o público nos novos territórios que iremos ocupar. A captação de recursos é um trabalho de formiguinha, estamos em busca dos patrocinadores certos.

Como será a proporção entre concertos ao vivo e videos?
O mais provável é que seja meio a meio. Uma das formas de existência da orquestra é no ambiente on-line e pretendemos gerar conteúdos digitais frequentes. Queremos ganhar o mundo.

A orquestra sempre se apresentará completa?
A proposta inicial é apresentar a orquestra inteira, com os dezesseis músicos. Mas o grupo pode crescer ou diminuir, dependendo do projeto.

Que projetos estão definidos para 2015?
Um concerto ao vivo no Rio no mês de março, o espaço ainda está em negociação. Antes disso, teremos mais um surpresa na internet.

Festival Música Estranha: sons inusitados em SP

Festival Música Estranha: sons inusitados em SP

Não à toa o logotipo do Festival Música Estranha – cuja segunda edição vai de 26 de novembro a 1 de dezembro, em São Paulo – remete a um ponto de interrogação.

O próprio nome do evento realizado anualmente na capital paulista desde 2013 já desperta questionamentos.

O que seria exatamente música estranha?

A produção do festival convidou dois convidados estrangeiros deste ano, o britânico Brendan Walsh e o alemão Mark Tritschler, para tentar responder (vídeos em inglês, sem legendas).

O slogan do evento dá pistas sobre seu objetivo: "Abra os ouvidos e deixe entrar".

Idealizado e dirigido por Thiago Cury, da ÁguaForte Produções, o festival se propõe a reunir as mais variadas vertentes artísticas: música clássica contemporânea, experimental, eletroacústica, folclórica, pop experimental, instalações sonoras e áudio arte.

A edição 2014 reúne artistas estrangeiros e brasileiros. Clique aqui para ver a programação completa do festival.

Entre os destaques, o concerto de abertura em parceria com a Nonclassical, da Inglaterra,  utiliza um link digital para conectar São Paulo, Londres, Toronto (com o Canadian Music Centre) e Nova York (com o compositor Brooks Frederickson).

O compositor belga Hans Beckers traz o seu projeto de paisagens sonoras "Clangdelum Cinematographica", com gravações em video e audio, além da participação do próprio artista improvisando no palco. Veja um trecho:

Outro destaque do Música Estranha é a rave de música clássica organizada por Brendan Walsh em Amsterdam. A primeira edição internacional do inusitado evento será em São Paulo, no sábado, 29 de novembro.

Este clip dá uma ideia do que esperar da rave:

Ouça aqui nosso boletim na Rádio CBN que abordou o Festival Música Estranha 2014.

Cameron Carpenter, o reinventor

Cameron Carpenter, o reinventor

Se inovar em formatos de concertos já é algo delicado, imagine o que significa implementar novas características a um instrumento musical de tradição secular.

O jovem músico americano Cameron Carpenter encarou o desafio e conseguiu reinventar seu instrumento, o órgão de tubos.

Bem, ele não inventou um novo tipo de órgão de tubos, mas trabalhou no desenvolvimento de um órgão digital facilmente transportável que reproduz os sons dos melhores instrumentos de tubo do mundo. Algo que só se tornou possível graças à tecnologia.

Tudo começou com a frustração que o artista, hoje com 33 anos, sempre sentiu com o reduzido número de bons órgãos de tubo não apenas em seu país, mas no mundo todo.

Cameron Carpenter não se conformava com esta limitação. Ele vislumbrou a possibilidade de reinventar a relação entre organistas e seu instrumento, caso conseguisse desenvolver um órgão com a sonoridade dos tubos, mas portátil.

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O projeto levou cerca de dez anos e foi realizado em conjunto com a empresa Marshall & Ogletree. O processo envolveu gravar sons dos órgãos de tubo favoritos de Carpenter. Com registros sonoros de diversos instrumentos, foram escolhidos os melhores sons de cada órgão.

O processo possibilitou juntar na mesma estrutura sons originários de diversos órgãos, criando um instrumento que jamais poderia ter existido em outra época que não no século 21, com toda tecnologia disponível atualmente, incluindo um sistema de amplificação de alta potência. O site do artista traz as especificações técnicas.

Denominado International Touring Organ (algo como "Órgão Que Excursiona Pelo Mundo"), o instrumento fez sua turnê de estreia em março. O concerto inaugural foi no Alice Tully Hall de Nova York.

Veja o registro fotográfico daquela noite, desde a chegada ao local, a montagem, os ensaios e o momento em que o novo órgão foi apresentado ao público.

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O crítico do New York Times, Anthony Tommasini, adorou o som do instrumento.

Carpenter aproveita a turnê internacional 2014 para apresentar sua criação tecnológica e também lançar  o CD "If you could read my mind", já gravado nela.

Além de instrumentista e inventor, Cameron Carpenter é um ótimo comunicador. Veja sua participação na série de concertos da Filarmônica de Berlim voltada a famílias, explicando seu instrumento (legendas em inglês):

 

Festivais inovam no eixo Rio-SP

Festivais inovam no eixo Rio-SP

No espaço de dois meses, o eixo Rio-São Paulo terá festivais de música clássica com foco em inovação e experimentação, reunindo artistas internacionais e nacionais.

Coincidência ou Zeitgeist?

No final de novembro, a capital paulista recebe a segunda edição do Música Estranha – Encontro Internacional de Música Exploratória, com direção artística de Thiago Cury.

Em meados de janeiro, a vez do Rio sediar a edição de estreia do RC4 Festival – Novas Direções na Música Clássica, com curadoria de Claudio Dauelsberg.

Leia abaixo destaques dos festivais, com clips e links para os artistas convidados.


 

São Paulo terá rave clássica e concerto conectando quatro cidades

O Música Estranha acontece entre os dias 26 e 30 de novembro. Na programação, destaque para a rave de música clássica comandada desde 2013 pelo britânico Brendan Walsh em Amsterdam.

O organizador assumirá em São Paulo sua mesma persona artística holandesa, parte da dupla de DJs Mengel & Berg. Seu colega de picapes também virá para o festival.

E qual a dinâmica de uma rave de música clássica?  Não é das respostas mais simples de encontrar, mas este clip de divulgação (em inglês, sem legendas) pode ajudar a entender.

O concerto de abertura do Música Estranha vai usar link digital on-line para conectar o festival em São Paulo aos parceiros internacionais NonClassical (Londres), Canadian Music Centre (Toronto) e YClassical (Suíça).

Além de Brendan Walsh e os músicos do concerto de abertura, os estrangeiros convidados pelo Música Estranha são Hans Beckers (Bélgica) e o pianista Marc Tritschler (Alemanha). Os brasileiros são o saxofonista Pedro Bittencourt,  o cantor e compositor Rômulo Fróes, o coletivo multimídia Cão e o Camará Ensemble.

O Música Estranha também organizará um Smart Mob Musical, debates e palestras. O festival ocupará o Centro Cultural São Paulo, Casa Modernista e Red Bull Station SP.


Rio receberá Tristano e ícones da nova cena internacional

O RC4 Festival ocupa o Oi Futuro Ipanema nos dias 16, 17, 23 e 24 de janeiro de 2015.

Quem abre o evento é o pianista Francesco Tristano, de Luxemburgo. É a primeira vez que ele virá ao Brasil.

Veja aqui um clip com trecho da música "Long Walk", apresentada no boletim de hoje da Rádio CBN

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O pianista Francesco Tristano

 

O RC4 Festival também levará ao palco de Ipanema o compositor, produtor e DJ inglês Gabriel Prokofiev;  o saxofonista espanhol Joan Martí Basquier, o violinista, regente e ativista suíço Etienne Abelin, criador da Music Animation Machine; o compositor brasileiro Wilson Sukorski e o trio alemão Brandt Brauer Frick.

Prokofiev e Abelin desenvolvem em seus países de origem trabalhos icônicos que levam música clássica a plateias jovens, musicalmente curiosas mas que não frequentam salas de concerto.

Prokofiev é o criador da produtora Nonclassical e Abelin está à frente das YNights. Ambas instituições são parceiras do Música Estranha em São Paulo, enquanto seus criadores estarão no RC4 carioca.

Coincidência ou Zeitgeist?

Ouça aqui o nosso boeltim na Rádio CBN que tratou deste tema http://viva.mu/festclassicosrioesp.

Sarau OSBA acerta no intimismo

Sarau OSBA acerta no intimismo

Em almofadões espalhados pelo chão, o público senta, recosta ou mesmo deita. Um grupo de músicos toca obras fundamentais do repertório clássico. O maestro conversa sobre as obras e abre espaço para a plateia comentar ou mesmo ler poemas.  O por do sol na Baía de Todos os Santos ilumina o espaço.

Assim é o Sarau OSBAnoMAM, em Salvador, uma ideia do regente Carlos Prazeres, curador-artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) para levar música clássica a novas plateias, com entrada franca.

O projeto começou no primeiro semestre de 2014. Logo na primeira edição, o público abraçou a ideia e lotou o Museu de Arte Moderna (MAM). Tem sido assim desde então.

Os saraus têm periodicidade próxima da mensal. Contam sempre com um grupo de câmara formado por músicos da OSBA, eventualmente recebendo solistas convidados e, algumas vezes. com a participação do próprio Prazeres tocando oboé.

Mas a maior colaboração do maestro é na comunicação com o público,  grande diferencial do projeto. A conversa sobre as obras a serem executadas é em tom tão intimista quanto a ambientação. Clima de bate-papo, não de aula.

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Público do Sarau atento ao maestro

O local e o horário favorecem o intimismo. O Museu de Arte Moderna da Bahia fica em um prédio histórico, o Solar do Unhão, estrategicamente posicionado à beira da Baia de Todos os Santos, cartão postal da cidade.  Os saraus começam às 18h, perto do por do sol, e são emoldurados por ele.

 

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MAM da Bahia no por do sol

Boa música, boa conversa, uma experiência cultural diferenciada e gratuita, com o por do sol da Bahia ao fundo. Quem resiste a tamanho encanto? Mesmo o menos interessado espectador volta para a casa com uma sensação positiva com a música clássica.

O formato do Sarau OSBAnoMAM é de baixo custo e fácil realização, sem requerer grande infra-estrutura. Parte do sucesso vem certamente desta proposta enxuta, mais próxima e, por que não dizer, mais humana do que os grandes concertos.

Outra parte vem da parceria com o MAM. Uma boa experiência a ser replicada no circuito clássico brasileiro, pouco acostumado a trocas institucionais desta natureza.

Ouça aqui o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN que destacou o Sarau OSBAnoMAM.