Em Manchester, um concerto que não tem preço

Em Manchester, um concerto que não tem preço

Como seria se espectadores de concertos pudessem decidir o preço do ingresso?

Mais ainda: se eles pagassem somente no final, caso tivessem gostado, e pudessem atribuir quantias de acordo com o valor daquela experiência musical?

A Orquestra Hallé, da Inglaterra, resolveu fazer a experiência — pelo menos uma vez.

Será no concerto "Clássicos que não têm preço" (Priceless Classics), marcado para 6 de setembro na sala sinfônica Bridgewater Hall, em Manchester.

 

Orquestra Hallé em sua sede, o Bridgewater Hall

Bridgewater Hall: sede da Hallé

 

Dirigido prioritariamente ao público que não frequenta eventos de música clássica, o espetáculo terá dez obras de curta duração. Todas as peças serão introduzidas por um video explicativo.

Entre cada música, será possível entrar e sair da sala, ir ao bar comprar bebida (e voltar com o copo), sair para fumar, usar o telefone ou simplesmente dar um tempo do lado de fora. Pode-se bater palmas sem restrições.

O espectador deve reservar os ingressos com antecedência por email. Mas o pagamento, que não é obrigatório, será realizado apenas após o termino, na bilheteria ou pela internet, via site ou smartphone. A quantia deverá considerar o quanto o concerto agradou a cada um.

A Hallé divulgou um clip no YouTube sobre o evento (video em inglês):

O diretor executivo da Orquestra Hallé, John Summers, disse em entrevista ao site da BBC que o objetivo deste espetáculo é convidar as plateias em dúvida se vale a pena frequentar concertos.

"Queremos que o público se sinta à vontade, sem qualquer pressão para seguir a etiqueta dos concertos. Estamos inclusive estimulando os músicos da orquestra a se movimentarem no palco", adiantou Summers.

O gestor  esteve no Brasil em 2014 para participar da Conferência MultiOrquestra, em Belo Horizonte. Sua palestra de abertura enfatizou os novos lugares que o grupo ocupa na sociedade, em termos de inovação, educação e transformação.

O repertório do concerto Priceless Classics terá trechos de obras de Bach (Suite orquestral N3),  Handel (Música aquática), Mozart (Concerto para trompa N.4), Beethoven (Sinfonia N.5), Verdi (A força do destino), Wagner (Marcha funeral de Siegfried), Stravinsky (O pássaro de fogo — veja clip abaixo), Bartók (Concerto para orquestra), Ligeti (Concert romanesc) e John Adams (Short ride in a fast machine).

A Orquestra Hallé é um dos mais tradicionais grupos sinfônicos do Reino Unido, com sede em Manchester. Foi fundada em 1858 pelo regente e pianista Sir Charles Hallé. Seu atual diretor musical é Mark Elder.

Clique aqui para ouvir o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN sobre o "Concerto que não tem preço", da Orquestra Hallé.

 

Brahms e Radiohead em mash-up orquestral

Brahms e Radiohead em mash-up orquestral

Duas obras referenciais do repertório musical mundial - cada qual cabendo a gênero e período histórico distintos - combinadas em um mesmo arranjo orquestral:  a Sinfonia N.1, de Brahms, estreada em 1882, e o álbum OK Computer da banda Radiohead, lançado em 1997.

Quem teve a ideia do inusitado mash-up foi o regente, compositor e produtor americano Steve Hackman. Todos os quatro movimentos da sinfonia de Brahms e as oito músicas do CD de rock fazem parte do arranjo de Hackman.

A obra estreou em 2013 e, como atualmente o músico é diretor criativo da série Fuse da Orquestra Sinfônica de Pittsburgh, será apresentada esta semana pelo grupo americano.

“Foi um processo de análise, descoberta, desconstrução, reconstrução e recriação que me levou a buscar uma síntese entre a primeira sinfonia e o OK Computer", conta Hackman. "Melodias do Radiohead foram alteradas para coexistir com as harmonias de Brahms. Os motivos musicais de um estão entrelaçados com os do outro”.

Confira aqui uma gravação completa do mash-up Brahms x Radiohead.

O concerto está sendo promovido no Instagram do criador, com fotos de um stencil do evento aplicado em variados contextos:

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A série Fuse apresentará em outubro um concerto com outro arranjo semelhante de Hackman, desta vez mesclando Beethoven com Coldplay.

Antes de se associar à Sinfônica de Pittsburgh, Steve Hackman trabalhou com a Orquestra do Festival de Colorado e também co-dirigiu a série "Happy Hour" da Sinfônica de Indianápolis. Sua produtora se chama Stereo Hideout.

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Steve Hackman, regente e compositor

Clique aqui para ouvir o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN dedicado a este mesmo tema.

Os projetos inovadores do suíço Etienne Abelin

Os projetos inovadores do suíço Etienne Abelin

Etienne Abelin, 43 anos, é um violinista clássico, regente, curador, produtor cultural e professor de música suíço. Ele dedica grande parte de sua carreira a construir pontes entre a tradição musical clássica e as plateias jovens da atualidade.

Entre os projetos inovadores está o bachSpace, um espetáculo ao vivo com repertório de câmara do compositor do período barroco Johann Sebastian Bach e música eletrônica.

Atuam no projeto, além de Etienne, a pianista Tamar Halperin e o compositor Tomek Kolczynski.

Ouça a íntegra da música deste video de apresentação que foi mostrada na Rádio CBN. A obra utiliza a "Sonata para violino e piano N.6”, de Bach.

 

Etienne Abelin esteve recentemente no Brasil, participando do Festival Rc4 no Rio de Janeiro. Ele mostrou ao público carioca seu projeto com o software Music Animation Machine, criado por Stephen Malinowski, que representa graficamente em telão a música sendo tocada ao vivo no palco.

O suíço fez um MBA Executivo em Negócios na Universidade de St Gaalen e criou uma startup chamada ClassYcal, que desenvolve projetos de música clássica que dialoguem com referências culturais da geração Y.

Ele também é co-curador do Festival Apples & Olives que só traz artistas da chamada cena indie classical, termo que reúne o segmento de músicos que tem formação nos clássicos mas prefere se expressar artisticamente na cena pop.

Etienne Abelin é ainda professor do El Sistema Europa, a rede europeia que replica a metodologia do projeto El Sistema da Venezuela, de formação de orquestras jovens.

No curriculo de Etienne como músico de orquestra consta a participação na Orquestra do Festival de Lucerna e a passagem pela Orquestra Mozart de Bologna, ambos grupos fundados e dirigidos pelo lendário e já falecido maestro Claudio Abbado.

Um dos primeiros projetos inusitados que criou foi em 2008, chamado Ritmo e Futebol. Uma partida de futebol ao vivo no telão e 22 músicos em uma orquestra  acompanhando ao vivo a transmissão.

Ouça aqui o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN que destacou o trabalho de Etienne Abelin.

Filme sobre orquestra que nasceu do lixo

Filme sobre orquestra que nasceu do lixo

O documentário Landfill Harmonic, sobre a orquestra jovem que toca em instrumentos reciclados de um lixão no Paraguai, tem estreia marcada para o dia 18 de março no festival South by Southwest 2015 (SxSW), nos Estados Unidos.

Veja um trailer:

 

CLIQUE AQUI PARA VER A QUINTA DE BEETHOVEN

Landfill Harmonic conta a história do projeto musical e sócio-ambiental em um aterro sanitário na periferia de Assunção, capital do Paraguai, que desde 2006 oferece aulas de música com instrumentos feitos a partir de objetos logados no lixo.

O nome do filme é um trocadilho em inglês entre as palavras landfill (aterro sanitário) e philharmonic (filarmônica). A tradução em português seria Filarmônica do lixão.

O projeto começou em 2006, por inciativa do engenheiro ambiental e músico Fávio Chavez, que começou a trabalhar em projetos sociais em Cautera, lugar onde fica o lixão paraguaio. Por ser também professor de música, ele teve a ideia de oferecer classes de musicalização para os filhos dos catadores.

O desafio da total falta de recursos para conseguir instrumentos o levou a conhecer Nicolás Gomez, um habilidoso artesão de reciclagem que também mora em Cautera. Juntos, eles desenvolveram instrumentos feitos a partir dos mais variados materiais encontrados pelos catadores.

cello flauta violino violino 1

 

Clique aqui para ver a Orquesta Reciclados de Cautera interpretando a Sinfonia N.5, de Beethoven, em concerto ano passado na Holanda.

Integrantes da orquestra reciclada participaram de um recente clip da violinista e bailarina americana Lindsey Stirling:

Festival traz ao Rio inovadores dos clássicos

Festival traz ao Rio inovadores dos clássicos

O Festival Rc4 tem entregado exatamente o que promete: reunir no Rio de Janeiro artistas internacionais que estão construindo novas direções para a música clássica.

Semana passada, apresentaram-se no Oi Futuro Ipanema o pianista luxemburguês Francesco Tristano (dia 16), o compositor inglês Gabriel Prokofiev e o saxofonista catalão Joan Martí-Frasquier (dia 17). No final do artigo, vídeos Vine de Tristano e Prokofiev no palco carioca.

Esta semana, será a vez do violinista suíço Etienne Abelin (dia 23) e o trio alemão Brandt Brauer Frick (dia 24).

Etienne Abelin apresentará o software Music Animation Machine, definido como "um GPS musical",  desenvolvido pelo americano Stephen Malinowski, colaborador de Björk.

Etienne convidou a pianista brasileira Kátia Balloussier para tocarem e demonstrarem juntos o software.

Veja a apresentação que o suíço fez em recente TEDx, mostrando o Music Animation Machine.

Etienne Abelin tem atividade inovadora não só no palco, mas também como empreendedor cultural.

É fundador da classYcal, start-up dedicada a promover inovações na música clássica e organizar eventos diferenciados. A noite Ynights, em casas noturnas, ganhou o prêmio "Melhor de 2013" da revista Züritipp. É fundador do Festival Apples and Olives, voltado para a música indie classical.

Além de atuar como músico solista e em grupos de câmara, Etienne já tocou em orquestra sob regência de Claudio Abbado. Ele é professor do El Sistema europeu, co-fundador da  Orquestra Jovem do Sistema Europeu e um dos fundadores do Superar Suisse.

O trio alemão Brandt Brauer Frick, que encerra a programação do Festival Rc4,  se auto-intitula "um projeto tecno de Berlim que toma por base instrumentos de música clássica".

Este video de 2010 mostra bem de onde partiu o som do grupo, aqui com mais músicos além do trio fundador.

Daniel Brandt, Jan Brauer e Paul Frick vão mostrar no Festival Rc4 instrumentos acústicos e sons eletrônicos.

Veja o Vine captado durante a apresentação de Francesco Tristano (ligue o som clicando no rodapé direito do vídeo):

E veja também o Vine captado durante a apresentação de Gabriel Prokofiev em duo com o violoncelista brasileiro Hugo Pilger (ligue o som clicando no rodapé direito do vídeo):

Ouça aqui o nosso boletim na Rádio CBN que destacou a segunda semana do Festival Rc4 e tocou Brandt Brauer Frick.

Em NY, concertos de câmara para gourmets

Em NY, concertos de câmara para gourmets

Tertulia é uma série de música de câmara feita sob medida para quem tem duas paixões na vida e quer desfrutá-las simultaneamente: gastronomia e música clássica.

Os jantares-concerto são organizados em Nova York desde 2011 e, atualmente, têm regularidade aproximadamente  quinzenal.

Cada encontro é organizado de forma a haver momentos de interação entre espectadores - quando drinks de boas-vindas e os pratos do cardápio fixo são servidos, por exemplo - e aqueles de silêncio e atenção total, quando os músicos tocam.

concerto 3
concerto papo

concertos

 

A idealizadora do projeto é uma jovem musicista e foodie americana chamada Julia Villagra, de 29 anos. Desde o ano passado, ela divide a co-curadoria dos encontros com o oboísta James Austin Smith.

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Os curadores Julia Villagra e James Austin Smith

O projeto tem página no Facebook e perfil no Twitter.

Ouça aqui nosso boletim na Rádio CBN sobre a série Tertulia em Nova York.

Veja a íntegra da execução do "Quarteto de cordas N.11", de Dvorak, pelo Dover Quartet, apresentada no boletim.

 

Uma orquestra para o século 21

Uma orquestra para o século 21

Não é sempre que uma orquestra dá início a seus trabalhos com clip na internet.

Mas foi assim que a  Johann Sebastian Rio, grupo de câmara recém-lançado no Brasil, escolheu se apresentar ao público.

Começar no ambiente on-line diz muito sobre uma proposta artística.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Ida0A2iKwF0

A orquestra foi fundada em novembro de 2014 pelo violinista e regente Felipe Prazeres (diretor artístico do grupo), a produtora cultural e empresária artística Vanessa Rocha, os violistas Eduardo Pereira e Ivan Zandonade.

Reúne dezesseis músicos experientes e reconhecidos no circuito sinfônico carioca, integrantes da Sinfônica Brasileira, Petrobras Sinfônica e Orquestra do Theatro Municipal.

O nome é um trocadilho a partir do compositor Johann Sebastian Bach, o significado da palavra "Bach" em alemão (quer dizer "riacho", "córrego") e o fato da iniciativa ser do Rio de Janeiro.

A ideial inicial dos fundadores era compor um conjunto que interpretasse apenas música barroca, mas a proposta se expandiu e poderá abarcar repertórios de todas as épocas.

A primeira ação pública foi o divulgar o clip acima para marcar o lançamento da página no Facebook e do canal no Youtube.

O objetivo é fazer um concerto de lançamento no Rio de Janeiro, em março.

Vanessa Rocha, fundadora e diretora executiva da Johann Sebastian Rio, conversou com o blog iClássica.

iCLÁSSICA - Cite as principais motivações que levaram à criação da orquestra.
VANESSA ROCHA - Em primeiro lugar, a urgência na renovação de público para a música clássica.  De modo geral, as audiências estão envelhecendo e diminuindo. Depois, a necessidade de renovação dos formatos de apresentação dos clássicos.  Os jovens identificam música clássica com ambientes de extrema  sisudez. É muito raro o repertório histórico ser tocado além de salas de concerto. No exterior existem algumas orquestras e projetos que têm a preocupação de experimentar novos formatos e novos propósitos. O Brasil precisa dessa renovação também.

Qual principal desafio para concretizar a proposta?
Encontrar os espaços certos. Não somos um grupo para lugares tradicionais e estamos identificando as melhores formas de sonorizar e acomodar o público nos novos territórios que iremos ocupar. A captação de recursos é um trabalho de formiguinha, estamos em busca dos patrocinadores certos.

Como será a proporção entre concertos ao vivo e videos?
O mais provável é que seja meio a meio. Uma das formas de existência da orquestra é no ambiente on-line e pretendemos gerar conteúdos digitais frequentes. Queremos ganhar o mundo.

A orquestra sempre se apresentará completa?
A proposta inicial é apresentar a orquestra inteira, com os dezesseis músicos. Mas o grupo pode crescer ou diminuir, dependendo do projeto.

Que projetos estão definidos para 2015?
Um concerto ao vivo no Rio no mês de março, o espaço ainda está em negociação. Antes disso, teremos mais um surpresa na internet.

Festivais inovam no eixo Rio-SP

Festivais inovam no eixo Rio-SP

No espaço de dois meses, o eixo Rio-São Paulo terá festivais de música clássica com foco em inovação e experimentação, reunindo artistas internacionais e nacionais.

Coincidência ou Zeitgeist?

No final de novembro, a capital paulista recebe a segunda edição do Música Estranha – Encontro Internacional de Música Exploratória, com direção artística de Thiago Cury.

Em meados de janeiro, a vez do Rio sediar a edição de estreia do RC4 Festival – Novas Direções na Música Clássica, com curadoria de Claudio Dauelsberg.

Leia abaixo destaques dos festivais, com clips e links para os artistas convidados.


 

São Paulo terá rave clássica e concerto conectando quatro cidades

O Música Estranha acontece entre os dias 26 e 30 de novembro. Na programação, destaque para a rave de música clássica comandada desde 2013 pelo britânico Brendan Walsh em Amsterdam.

O organizador assumirá em São Paulo sua mesma persona artística holandesa, parte da dupla de DJs Mengel & Berg. Seu colega de picapes também virá para o festival.

E qual a dinâmica de uma rave de música clássica?  Não é das respostas mais simples de encontrar, mas este clip de divulgação (em inglês, sem legendas) pode ajudar a entender.

O concerto de abertura do Música Estranha vai usar link digital on-line para conectar o festival em São Paulo aos parceiros internacionais NonClassical (Londres), Canadian Music Centre (Toronto) e YClassical (Suíça).

Além de Brendan Walsh e os músicos do concerto de abertura, os estrangeiros convidados pelo Música Estranha são Hans Beckers (Bélgica) e o pianista Marc Tritschler (Alemanha). Os brasileiros são o saxofonista Pedro Bittencourt,  o cantor e compositor Rômulo Fróes, o coletivo multimídia Cão e o Camará Ensemble.

O Música Estranha também organizará um Smart Mob Musical, debates e palestras. O festival ocupará o Centro Cultural São Paulo, Casa Modernista e Red Bull Station SP.


Rio receberá Tristano e ícones da nova cena internacional

O RC4 Festival ocupa o Oi Futuro Ipanema nos dias 16, 17, 23 e 24 de janeiro de 2015.

Quem abre o evento é o pianista Francesco Tristano, de Luxemburgo. É a primeira vez que ele virá ao Brasil.

Veja aqui um clip com trecho da música "Long Walk", apresentada no boletim de hoje da Rádio CBN

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O pianista Francesco Tristano

 

O RC4 Festival também levará ao palco de Ipanema o compositor, produtor e DJ inglês Gabriel Prokofiev;  o saxofonista espanhol Joan Martí Basquier, o violinista, regente e ativista suíço Etienne Abelin, criador da Music Animation Machine; o compositor brasileiro Wilson Sukorski e o trio alemão Brandt Brauer Frick.

Prokofiev e Abelin desenvolvem em seus países de origem trabalhos icônicos que levam música clássica a plateias jovens, musicalmente curiosas mas que não frequentam salas de concerto.

Prokofiev é o criador da produtora Nonclassical e Abelin está à frente das YNights. Ambas instituições são parceiras do Música Estranha em São Paulo, enquanto seus criadores estarão no RC4 carioca.

Coincidência ou Zeitgeist?

Ouça aqui o nosso boeltim na Rádio CBN que tratou deste tema http://viva.mu/festclassicosrioesp.

Sarau OSBA acerta no intimismo

Sarau OSBA acerta no intimismo

Em almofadões espalhados pelo chão, o público senta, recosta ou mesmo deita. Um grupo de músicos toca obras fundamentais do repertório clássico. O maestro conversa sobre as obras e abre espaço para a plateia comentar ou mesmo ler poemas.  O por do sol na Baía de Todos os Santos ilumina o espaço.

Assim é o Sarau OSBAnoMAM, em Salvador, uma ideia do regente Carlos Prazeres, curador-artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) para levar música clássica a novas plateias, com entrada franca.

O projeto começou no primeiro semestre de 2014. Logo na primeira edição, o público abraçou a ideia e lotou o Museu de Arte Moderna (MAM). Tem sido assim desde então.

Os saraus têm periodicidade próxima da mensal. Contam sempre com um grupo de câmara formado por músicos da OSBA, eventualmente recebendo solistas convidados e, algumas vezes. com a participação do próprio Prazeres tocando oboé.

Mas a maior colaboração do maestro é na comunicação com o público,  grande diferencial do projeto. A conversa sobre as obras a serem executadas é em tom tão intimista quanto a ambientação. Clima de bate-papo, não de aula.

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Público do Sarau atento ao maestro

O local e o horário favorecem o intimismo. O Museu de Arte Moderna da Bahia fica em um prédio histórico, o Solar do Unhão, estrategicamente posicionado à beira da Baia de Todos os Santos, cartão postal da cidade.  Os saraus começam às 18h, perto do por do sol, e são emoldurados por ele.

 

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MAM da Bahia no por do sol

Boa música, boa conversa, uma experiência cultural diferenciada e gratuita, com o por do sol da Bahia ao fundo. Quem resiste a tamanho encanto? Mesmo o menos interessado espectador volta para a casa com uma sensação positiva com a música clássica.

O formato do Sarau OSBAnoMAM é de baixo custo e fácil realização, sem requerer grande infra-estrutura. Parte do sucesso vem certamente desta proposta enxuta, mais próxima e, por que não dizer, mais humana do que os grandes concertos.

Outra parte vem da parceria com o MAM. Uma boa experiência a ser replicada no circuito clássico brasileiro, pouco acostumado a trocas institucionais desta natureza.

Ouça aqui o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN que destacou o Sarau OSBAnoMAM.

Rua é lugar de orquestra?

Rua é lugar de orquestra?

Um projeto em São Paulo vem provando, desde 2012, que sim. A orquestra também pode encontrar seu lugar no movimento de arte nas ruas.

Tudo nasceu do desejo de três músicos de formação clássica: o violinista Leonardo Mallet, o violoncelista Matheus Bellini e o violista Caio Forster.

Eles se conheceram durante o curso de música em Santos (SP) e tiveram a ideia de levar música clássica para as ruas.

Primeiro, somente os três tocavam. Depois mais amigos se animaram. Quando o trio se mudou para a capital, veio a ideia de montar uma orquestra com todos os naipes de cordas.

Assim nasceu o Maratona Cultural - Orquestra na Rua, que já realizou vários eventos em ruas de São Paulo e Santos.

Quando uma data de apresentação é confirmada, imediatamente é feita uma convocação de músicos pelas redes sociais. Podem participar estudantes, amadores e profissionais.

As partituras das obras do concerto ficam disponível on-line, em um grupo do Facebook. Cada integrante ensaia sozinho, em sua casa.  O repertório tem músicas clássicas e populares.

No dia da apresentação, acontecem os ensaios em conjunto e também a apresentação.

É uma orquestra “espontânea”. A maioria dos músicos não se conhece e se encontra somente no dia. Gente de todas as idades: crianças, adolescentes, jovens, asultos e idosos.

O maior evento já realizado foi na Avenida Paulista, em 2013, reunindo 100 integrantes.

Clique aqui para ouvir o nosso boletim na Rádio CBN sobre o projeto.