Festivais inovam no eixo Rio-SP

Festivais inovam no eixo Rio-SP

No espaço de dois meses, o eixo Rio-São Paulo terá festivais de música clássica com foco em inovação e experimentação, reunindo artistas internacionais e nacionais.

Coincidência ou Zeitgeist?

No final de novembro, a capital paulista recebe a segunda edição do Música Estranha – Encontro Internacional de Música Exploratória, com direção artística de Thiago Cury.

Em meados de janeiro, a vez do Rio sediar a edição de estreia do RC4 Festival – Novas Direções na Música Clássica, com curadoria de Claudio Dauelsberg.

Leia abaixo destaques dos festivais, com clips e links para os artistas convidados.


 

São Paulo terá rave clássica e concerto conectando quatro cidades

O Música Estranha acontece entre os dias 26 e 30 de novembro. Na programação, destaque para a rave de música clássica comandada desde 2013 pelo britânico Brendan Walsh em Amsterdam.

O organizador assumirá em São Paulo sua mesma persona artística holandesa, parte da dupla de DJs Mengel & Berg. Seu colega de picapes também virá para o festival.

E qual a dinâmica de uma rave de música clássica?  Não é das respostas mais simples de encontrar, mas este clip de divulgação (em inglês, sem legendas) pode ajudar a entender.

O concerto de abertura do Música Estranha vai usar link digital on-line para conectar o festival em São Paulo aos parceiros internacionais NonClassical (Londres), Canadian Music Centre (Toronto) e YClassical (Suíça).

Além de Brendan Walsh e os músicos do concerto de abertura, os estrangeiros convidados pelo Música Estranha são Hans Beckers (Bélgica) e o pianista Marc Tritschler (Alemanha). Os brasileiros são o saxofonista Pedro Bittencourt,  o cantor e compositor Rômulo Fróes, o coletivo multimídia Cão e o Camará Ensemble.

O Música Estranha também organizará um Smart Mob Musical, debates e palestras. O festival ocupará o Centro Cultural São Paulo, Casa Modernista e Red Bull Station SP.


Rio receberá Tristano e ícones da nova cena internacional

O RC4 Festival ocupa o Oi Futuro Ipanema nos dias 16, 17, 23 e 24 de janeiro de 2015.

Quem abre o evento é o pianista Francesco Tristano, de Luxemburgo. É a primeira vez que ele virá ao Brasil.

Veja aqui um clip com trecho da música "Long Walk", apresentada no boletim de hoje da Rádio CBN

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O pianista Francesco Tristano

 

O RC4 Festival também levará ao palco de Ipanema o compositor, produtor e DJ inglês Gabriel Prokofiev;  o saxofonista espanhol Joan Martí Basquier, o violinista, regente e ativista suíço Etienne Abelin, criador da Music Animation Machine; o compositor brasileiro Wilson Sukorski e o trio alemão Brandt Brauer Frick.

Prokofiev e Abelin desenvolvem em seus países de origem trabalhos icônicos que levam música clássica a plateias jovens, musicalmente curiosas mas que não frequentam salas de concerto.

Prokofiev é o criador da produtora Nonclassical e Abelin está à frente das YNights. Ambas instituições são parceiras do Música Estranha em São Paulo, enquanto seus criadores estarão no RC4 carioca.

Coincidência ou Zeitgeist?

Ouça aqui o nosso boeltim na Rádio CBN que tratou deste tema http://viva.mu/festclassicosrioesp.

Rua é lugar de orquestra?

Rua é lugar de orquestra?

Um projeto em São Paulo vem provando, desde 2012, que sim. A orquestra também pode encontrar seu lugar no movimento de arte nas ruas.

Tudo nasceu do desejo de três músicos de formação clássica: o violinista Leonardo Mallet, o violoncelista Matheus Bellini e o violista Caio Forster.

Eles se conheceram durante o curso de música em Santos (SP) e tiveram a ideia de levar música clássica para as ruas.

Primeiro, somente os três tocavam. Depois mais amigos se animaram. Quando o trio se mudou para a capital, veio a ideia de montar uma orquestra com todos os naipes de cordas.

Assim nasceu o Maratona Cultural - Orquestra na Rua, que já realizou vários eventos em ruas de São Paulo e Santos.

Quando uma data de apresentação é confirmada, imediatamente é feita uma convocação de músicos pelas redes sociais. Podem participar estudantes, amadores e profissionais.

As partituras das obras do concerto ficam disponível on-line, em um grupo do Facebook. Cada integrante ensaia sozinho, em sua casa.  O repertório tem músicas clássicas e populares.

No dia da apresentação, acontecem os ensaios em conjunto e também a apresentação.

É uma orquestra “espontânea”. A maioria dos músicos não se conhece e se encontra somente no dia. Gente de todas as idades: crianças, adolescentes, jovens, asultos e idosos.

O maior evento já realizado foi na Avenida Paulista, em 2013, reunindo 100 integrantes.

Clique aqui para ouvir o nosso boletim na Rádio CBN sobre o projeto.

Festas com música de câmara

Festas com música de câmara

Uma festinha em casa com os amigos, regada a cerveja, bate-papo e música de câmara.

Esta é a fórmula da rede social Groupmuse, criada nos Estados Unidos em 2013.

A homepage do site explica a proposta: "Groupmuse funciona como misto de concerto de câmara com festa doméstica. Combina música e atividade social, em partes iguais . Uma maneira de se divertir e se enriquecer como pessoa".

A iniciativa surgiu a partir das festas que o pianista brasileiro Cristian Budu dava em seu apartamento em Boston.

Ele chamava amigos, músicos ou não, que por sua vez chamavam amigos. As festas eram divertidas, muita gente jovem ouvindo música clássica pela primeira vez. Todos colaboravam com algum valor para os artistas.

As pessoas gostavam e queriam voltar. O lugar tornou-se pequeno. Sam Bodkin foi um dos convidados para as reuniões na casa de Cristian.

Foi dele a ideia de formar uma rede on-line para conectar anfitriões que querem abrir a casa para o evento, músicos em busca de novos ambientes para tocar e o público interessado em ver concertos em lugares descontraídos. Depois, Ezra Weller e Kyle Nichols-Schmolze também associaram-se ao projeto.

O anfitriões escolher receber apenas seus amigos ou então também abrir  lugar para frequentadores cadastrados no site.

Os organizadores sugerem uma contribuição para os músicos que se apresentam. O pagamento é feito após o concerto, em dinheiro.

Após um ano e meio de funcionamento, a rede social já organiza concertos diários na região de Boston e arredores. Muitos jovens músicos conseguem equalizar as finanças apenas tocando em groupmuses.

A rede pretende se estruturar no Brasil também. Em agosto e setembro de 2014, houve concertos inaugurais do Groupmuse em São Paulo e Rio de Janeiro.

Ouça aqui o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN que tratou do Groupmuse.