Uma orquestra para o século 21

Uma orquestra para o século 21

Não é sempre que uma orquestra dá início a seus trabalhos com clip na internet.

Mas foi assim que a  Johann Sebastian Rio, grupo de câmara recém-lançado no Brasil, escolheu se apresentar ao público.

Começar no ambiente on-line diz muito sobre uma proposta artística.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Ida0A2iKwF0

A orquestra foi fundada em novembro de 2014 pelo violinista e regente Felipe Prazeres (diretor artístico do grupo), a produtora cultural e empresária artística Vanessa Rocha, os violistas Eduardo Pereira e Ivan Zandonade.

Reúne dezesseis músicos experientes e reconhecidos no circuito sinfônico carioca, integrantes da Sinfônica Brasileira, Petrobras Sinfônica e Orquestra do Theatro Municipal.

O nome é um trocadilho a partir do compositor Johann Sebastian Bach, o significado da palavra "Bach" em alemão (quer dizer "riacho", "córrego") e o fato da iniciativa ser do Rio de Janeiro.

A ideial inicial dos fundadores era compor um conjunto que interpretasse apenas música barroca, mas a proposta se expandiu e poderá abarcar repertórios de todas as épocas.

A primeira ação pública foi o divulgar o clip acima para marcar o lançamento da página no Facebook e do canal no Youtube.

O objetivo é fazer um concerto de lançamento no Rio de Janeiro, em março.

Vanessa Rocha, fundadora e diretora executiva da Johann Sebastian Rio, conversou com o blog iClássica.

iCLÁSSICA - Cite as principais motivações que levaram à criação da orquestra.
VANESSA ROCHA - Em primeiro lugar, a urgência na renovação de público para a música clássica.  De modo geral, as audiências estão envelhecendo e diminuindo. Depois, a necessidade de renovação dos formatos de apresentação dos clássicos.  Os jovens identificam música clássica com ambientes de extrema  sisudez. É muito raro o repertório histórico ser tocado além de salas de concerto. No exterior existem algumas orquestras e projetos que têm a preocupação de experimentar novos formatos e novos propósitos. O Brasil precisa dessa renovação também.

Qual principal desafio para concretizar a proposta?
Encontrar os espaços certos. Não somos um grupo para lugares tradicionais e estamos identificando as melhores formas de sonorizar e acomodar o público nos novos territórios que iremos ocupar. A captação de recursos é um trabalho de formiguinha, estamos em busca dos patrocinadores certos.

Como será a proporção entre concertos ao vivo e videos?
O mais provável é que seja meio a meio. Uma das formas de existência da orquestra é no ambiente on-line e pretendemos gerar conteúdos digitais frequentes. Queremos ganhar o mundo.

A orquestra sempre se apresentará completa?
A proposta inicial é apresentar a orquestra inteira, com os dezesseis músicos. Mas o grupo pode crescer ou diminuir, dependendo do projeto.

Que projetos estão definidos para 2015?
Um concerto ao vivo no Rio no mês de março, o espaço ainda está em negociação. Antes disso, teremos mais um surpresa na internet.

Festivais inovam no eixo Rio-SP

Festivais inovam no eixo Rio-SP

No espaço de dois meses, o eixo Rio-São Paulo terá festivais de música clássica com foco em inovação e experimentação, reunindo artistas internacionais e nacionais.

Coincidência ou Zeitgeist?

No final de novembro, a capital paulista recebe a segunda edição do Música Estranha – Encontro Internacional de Música Exploratória, com direção artística de Thiago Cury.

Em meados de janeiro, a vez do Rio sediar a edição de estreia do RC4 Festival – Novas Direções na Música Clássica, com curadoria de Claudio Dauelsberg.

Leia abaixo destaques dos festivais, com clips e links para os artistas convidados.


 

São Paulo terá rave clássica e concerto conectando quatro cidades

O Música Estranha acontece entre os dias 26 e 30 de novembro. Na programação, destaque para a rave de música clássica comandada desde 2013 pelo britânico Brendan Walsh em Amsterdam.

O organizador assumirá em São Paulo sua mesma persona artística holandesa, parte da dupla de DJs Mengel & Berg. Seu colega de picapes também virá para o festival.

E qual a dinâmica de uma rave de música clássica?  Não é das respostas mais simples de encontrar, mas este clip de divulgação (em inglês, sem legendas) pode ajudar a entender.

O concerto de abertura do Música Estranha vai usar link digital on-line para conectar o festival em São Paulo aos parceiros internacionais NonClassical (Londres), Canadian Music Centre (Toronto) e YClassical (Suíça).

Além de Brendan Walsh e os músicos do concerto de abertura, os estrangeiros convidados pelo Música Estranha são Hans Beckers (Bélgica) e o pianista Marc Tritschler (Alemanha). Os brasileiros são o saxofonista Pedro Bittencourt,  o cantor e compositor Rômulo Fróes, o coletivo multimídia Cão e o Camará Ensemble.

O Música Estranha também organizará um Smart Mob Musical, debates e palestras. O festival ocupará o Centro Cultural São Paulo, Casa Modernista e Red Bull Station SP.


Rio receberá Tristano e ícones da nova cena internacional

O RC4 Festival ocupa o Oi Futuro Ipanema nos dias 16, 17, 23 e 24 de janeiro de 2015.

Quem abre o evento é o pianista Francesco Tristano, de Luxemburgo. É a primeira vez que ele virá ao Brasil.

Veja aqui um clip com trecho da música "Long Walk", apresentada no boletim de hoje da Rádio CBN

francesco_tristano

O pianista Francesco Tristano

 

O RC4 Festival também levará ao palco de Ipanema o compositor, produtor e DJ inglês Gabriel Prokofiev;  o saxofonista espanhol Joan Martí Basquier, o violinista, regente e ativista suíço Etienne Abelin, criador da Music Animation Machine; o compositor brasileiro Wilson Sukorski e o trio alemão Brandt Brauer Frick.

Prokofiev e Abelin desenvolvem em seus países de origem trabalhos icônicos que levam música clássica a plateias jovens, musicalmente curiosas mas que não frequentam salas de concerto.

Prokofiev é o criador da produtora Nonclassical e Abelin está à frente das YNights. Ambas instituições são parceiras do Música Estranha em São Paulo, enquanto seus criadores estarão no RC4 carioca.

Coincidência ou Zeitgeist?

Ouça aqui o nosso boeltim na Rádio CBN que tratou deste tema http://viva.mu/festclassicosrioesp.

Festas com música de câmara

Festas com música de câmara

Uma festinha em casa com os amigos, regada a cerveja, bate-papo e música de câmara.

Esta é a fórmula da rede social Groupmuse, criada nos Estados Unidos em 2013.

A homepage do site explica a proposta: "Groupmuse funciona como misto de concerto de câmara com festa doméstica. Combina música e atividade social, em partes iguais . Uma maneira de se divertir e se enriquecer como pessoa".

A iniciativa surgiu a partir das festas que o pianista brasileiro Cristian Budu dava em seu apartamento em Boston.

Ele chamava amigos, músicos ou não, que por sua vez chamavam amigos. As festas eram divertidas, muita gente jovem ouvindo música clássica pela primeira vez. Todos colaboravam com algum valor para os artistas.

As pessoas gostavam e queriam voltar. O lugar tornou-se pequeno. Sam Bodkin foi um dos convidados para as reuniões na casa de Cristian.

Foi dele a ideia de formar uma rede on-line para conectar anfitriões que querem abrir a casa para o evento, músicos em busca de novos ambientes para tocar e o público interessado em ver concertos em lugares descontraídos. Depois, Ezra Weller e Kyle Nichols-Schmolze também associaram-se ao projeto.

O anfitriões escolher receber apenas seus amigos ou então também abrir  lugar para frequentadores cadastrados no site.

Os organizadores sugerem uma contribuição para os músicos que se apresentam. O pagamento é feito após o concerto, em dinheiro.

Após um ano e meio de funcionamento, a rede social já organiza concertos diários na região de Boston e arredores. Muitos jovens músicos conseguem equalizar as finanças apenas tocando em groupmuses.

A rede pretende se estruturar no Brasil também. Em agosto e setembro de 2014, houve concertos inaugurais do Groupmuse em São Paulo e Rio de Janeiro.

Ouça aqui o Boletim VivaMúsica! na Rádio CBN que tratou do Groupmuse.